Qual é a
melhor maneira de avaliar a produção científica de um pesquisador?
Vários
fatores entram nessa conta, e um dos principais deles é a publicação de
trabalhos em revistas científicas de alto impacto, como as famosas Science e Nature. O que, sem dúvida,
é um indicador relevante: se o pesquisador tem trabalhos aceitos nessas
revistas, é um sinal de que as pesquisas desenvolvidas por ele ou por ela são
de boa qualidade. Um bom sinal, mas não o único … há muitas outras coisas que
podem (e deveriam) ser levadas em consideração.
O peso
exagerado que frequentemente é dado ao fator de impacto das revistas está
deixando muitos pesquisadores insatisfeitos. Tanto que uma petição foi lançada
na internet, pedindo o fim do uso desse fator de impacto como métrica central
na avaliação de mérito de pesquisadores, projetos e instituições. Segundo a
petição, chamada Declaração de São Francisco sobre Avaliação de Pesquisa (DORA,
na sigla em inglês), o mérito de um trabalho (e do cientista que o realizou)
deve ser avaliado com base na qualidade do próprio trabalho, e não da revista
na qual ele foi publicado. Parece óbvio, mas com frequência não é o que
acontece.
Há
trabalhos de ótima qualidade publicados em revistas de baixo impacto, assim
como há trabalhos de qualidade, mérito e/ou relevância bastante duvidosas
publicados em revistas de alto impacto. Por uma série de razões, que envolvem,
não raramente, relações de interesse pessoal, institucional, corporativo, regional
e midiático entre as partes envolvidas. Sem falar que o fator de impacto não é
um número absoluto, é uma representação da média do números de citações que os
trabalhos publicados na revista recebem ao longo de um determinado período. Ou
seja: mesmo nas revistas de maior impacto, há trabalhos de baixo impacto, que
recebem poucas citações, e não deveriam se beneficiar individualmente do alto
fator de impacto da revista como um todo.
E não
pense que os assinantes da Declaração são um bando de coitados sem importância
que estão incomodados porque não têm competência para publicar nas melhores
revistas … Não senhor. O movimento foi iniciado pelo Sociedade Americana de
Biologia Celular (ASCB), uma das mais importantes sociedades científicas dos
EUA, e a carta é assinada por editores de várias revistas científicas de peso,
entre eles o editor-chefe da Science,
Bruce Alberts.
Para ler
a Declaração (e assiná-la se quiser), clique aqui: DORA ( http://am.ascb.org/dora/)
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