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quinta-feira, 16 de junho de 2016

Vídeos e apresentações dos eventos organizados pelo SIBi/USP estão disponíveis na internet

O Departamento Técnico do Sistema Integrado de Bibliotecas (DT/SIBi/USP) organizou uma série de eventos nesse primeiro semestre de 2016. Seguem abaixo os links para os vídeos e apresentações:



Queremos parabenizar toda equipe do DT/SIBi/USP pelo empenho em oferecer capacitação de qualidade para as equipes de bibliotecários da Universidade.

terça-feira, 14 de junho de 2016

PRECISAMOS FALAR SOBRE PLÁGIO

Dá um trabalhão. É cada vez mais comum. Corta um pedaço do primeiro parágrafo, sobe um trecho do segundo. Troca o ‘dizer’ por ‘afirmar’, o ‘amigo’ por ‘colega’, o ‘três meses’ por ‘quase um ano’. Tira o ‘em São Paulo’ e coloca ‘no Rio de Janeiro’. Acrescenta frases de outro artigo, distribuídas em blocos distintos do texto. Importa algumas tabelas e gráficos, para dar mais credibilidade e ficar menos modorrento. Bate tudo no liquidificador. Agora o ingrediente final: é só substituir o autor original pelo próprio nome. Está pronto. É só entregar. O professor nem vai perceber. Mandei bem demais. Duvido que leia todos os trabalhos. Se for muito zicado e o mala pegar, paciência, digo que, na correria, imprimi e entreguei o arquivo errado, por engano. Sem querer. Esse era só o rascunho, a base para o que eu queria escrever. No final, dá tudo certo. Fica frio.

Fonte da imagem: http://ciencianarua.net/precisamos-falar-sobre-plagio/

Plágio. Apropriação indevida, antiética e criminosa de trabalho intelectual produzid0 por outra pessoa e que o plagiador tenta convencer que é dele. “Não é um crime sem querer, mas um ato deliberado de quem acredita que não será pego e punido. Não se surrupia uma música ou um texto de alguém, apagando-se a assinatura de seus autores e registrando como de sua lavra sem querer, sem intenção. É um crime intencional, doloso, portanto”, define Rogério Christofoletti, jornalista e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em artigo publicado pelo Observatório da Imprensa em 2010. Trata-se de sacanagem que se popularizou entre estudantes do ensino fundamental – grave -, usada por alunos do ensino médio – mais grave – e também da graduação – muito grave, e que também já contaminou estudos científicos, não raro feitos por pesquisadores de renome e reconhecimento internacionais – gravíssimo elevado à enésima potência.

Em 2011, veio à tona escândalo que envolveu a demissão de um professor de dedicação exclusiva da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, depois que ficou comprovado que ele tinha sido o principal autor de um trabalho que copiou imagens de pesquisas feitas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) entre 2003 e 2006, sem dar os devidos créditos aos autores. Em 2014, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) tornou públicos, pela primeira vez em sua história, cinco casos de fraudes científicas (plágios e fabricação de dados) registradas, além da USP de Ribeirão, no Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e no Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, em Campinas. Em março de 2013, o jornal “O Estado de São Paulo” publicou reportagem que alertava: “número de casos de denúncias de má conduta envolvendo plágio, falsificação e fabricação de dados em trabalhos científicos cresceu significativamente nos últimos dez anos”. Não é lenda urbana: figura querida e admirada na área, ex-secretário de Educação (da cidade e do estado de São Paulo), conhecido pelos muitos livros publicados (primeiro nome de anjo e sobrenome que começa com CHA e termina com LITA), foi pego em flagrante pela ‘Folha de São Paulo’ (matéria de 2012) por fazer autoplágio. De acordo com o jornal, cerca de 75% da segunda dissertação de mestrado dele (defendida em 1997, Direito) é uma reprodução da primeira dissertação (1994, Ciências Sociais). Os dois capítulos principais e a conclusão são idênticos.

A enxurrada estarrecedora de registros de trabalhos plagiados obrigou a Fapesp, por exemplo, a publicar manual com recomendações para evitar ‘má conduta científica’. É de fazer cair o queixo – dizer para mestrandos, mestres, doutores, doutorandos e pós- doutores como eles devem escrever seus artigos, o que é aceitável e o que é indecente e criminoso. Lembrá-los a respeito daquilo que é estupidamente simples. Cara pálida, o conhecimento está aí, disponível, cada vez mais acessível, ao alcance de um clique. Ideias não surgem por geração espontânea. É preciso dialogar com autores. Essa conversa, no entanto, precisa ser honesta e transparente. Basta fazer as devidas referências e citações. Porque o plágio representa dupla mentira – atropela o autor original, negando o que ele fez e modificando a autoria, para também enganar o leitor que, numa relação de confiança, acredita no que o autor (na verdade, outro autor) está narrando para ele. Aos que ainda tem a ousadia hipócrita de recorrer ao cinismo para tentar justificar a cretinice e perguntam em tom de deboche desafiador ‘mas onde está escrito que a gente não pode copiar o autor?’, costumo responder com um singelo e objetivo ‘bem, já estava escrito na grade do berço que a gente usou quando bebê’.

É elementar. Tão óbvio que me sinto imensamente ridículo ao escrever uma crônica com tantas obviedades. Bem… talvez faça sentido. Assim como se tornou imprescindível e urgente afirmar e reafirmar, em todos os espaços possíveis, o valor da democracia, a necessidade de combater, sempre, o racismo, a homofobia e a violência contra a mulher, a impossibilidade de ser tolerante com a intolerância, é momento também de agir para não aceitar que a ciência estabeleça pactos com o plágio.

Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta alemão que viveu na primeira metade do século XX e conheceu de perto os horrores do nazismo e do fascismo na Europa, já se perguntava: ‘Que tempos são estes, em que temos que defender o óbvio?’.
É o nosso tempo.

Francisco Bicudo
Fonte: Ciência na Rua

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Quando o plágio não aparenta má-fé

Uma consulta feita recentemente ao Committee on Publication Ethics (Cope), fórum de editores de revistas científicas sobre ética na pesquisa, evidenciou os desafios de fazer uma avaliação justa em casos suspeitos de plágio. O editor de um periódico científico, cujas identidade e origem não foram reveladas, informou ao Cope que começou a utilizar softwares para detecção de plágio e registrou uma alta incidência de pequenos trechos ou sequências de frases copiados de outros artigos. O problema atinge entre 30% e 50% dos manuscritos submetidos e, em alguns papers, chega a comprometer a originalidade de até um terço do texto.

Embora pareça assustador, segundo o editor não parece haver má-fé dos autores, uma vez que as sentenças copiadas são curtas e vêm de mais de 60 fontes diferentes – em um dos casos, chegou a mais de 120. “É como se a cópia de um trecho contendo o que se acredita ser uma expressão elegante pudesse compensar a falta de competência linguística do pesquisador”, escreveu o editor, referindo-se a uma grande quantidade de autores que não tem o inglês como língua nativa. “De todo modo, não é satisfatório que um texto contenha um terço de suas passagens inspiradas em outras fontes. Não é o que se possa considerar uma boa prática de escrita científica.”

Fonte: http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/05/19/quando-o-plagio-nao-aparenta-ma-fe/


O Cope respondeu à consulta recomendando uma análise caso a caso, levando em conta as características do texto reciclado. Uma duplicação na seção de resultados é mais grave do que na introdução ou nos métodos. Frases copiadas num artigo de revisão, composto por avaliações críticas da literatura existente, comprometem mais a sua originalidade do que sentenças duplicadas num paper tradicional, que traz resultados inéditos. Segundo o fórum, o editor deve pedir explicações ao autor caso falte atribuição de autoria em muitos trechos do artigo e tomar atitudes mais drásticas se as ideias defendidas pelo autor pertencerem a outras pessoas.

“O editor deve seguir checando todos os manuscritos usando softwares antiplágio e rejeitar os artigos com sobreposição de textos moderada ou grande”, sugere o Cope. A instituição a que o autor pertence deve ser alertada se houver, de fato, uma suspeita de má conduta ou se o editor colher evidências de que o pesquisador trabalha num ambiente que não valoriza as boas práticas científicas.“Caso os autores sejam jovens pesquisadores, o editor deve pedir a eles para reescrever as passagens copiadas e submeter de novo o artigo”, recomenda o Cope.

Fonte: Revista Pesquisa Fapesp