A maioria das pessoas tem as bibliotecas apenas como lugares em
que os livros estão depositados. Seriam o reino do silêncio onde a ideia de um
universo estático parece regra pétrea. Guardariam em si somente a palavra
escrita/impressa no papel em branco – uma questão importante para o processo
criativo de Stéphane Mallarmé, porém absolutamente apartada de quais sejam as
funções e objetivos da biblioteca hoje.
Pois é… as bibliotecas são muito, muito mais que isso. São
repositórios sofisticados de conhecimento, saberes mediados por coleções de
variada ordem: o papel, o digital, o magnético, a película, a imagem, o som, o
dado bibliométrico, a produção acadêmica em todos os seus sentidos – documentos
e monumentos – penso em Jacques Le Goff. E tudo isso, no caso das
universidades, está a serviço da difusão do conhecimento, do apoio ao ensino de
graduação e de pós-graduação e do fomento à pesquisa desde a iniciação
científica até o pós-doutoramento.
Enfim as Bibliotecas possuem um manancial de mistérios tão
significativos – merecem ser desvendados – quanto o das universidades, afinal
estas têm suas histórias embricadas com aquelas. Como seria a Universidade de
Coimbra sem a Biblioteca Joanina; Oxford, sem a Bondelian; Yale, sem a Sterling
ou a Beinecke; Princeton, sem a Firestone, Harvard; sem a Widener ou Bologna,
sem a BUB?
Definitivamente as bibliotecas e toda sua complexidade são
essenciais para uma grande universidade mundial. Em que pese a idade destes
patrimônios, são exemplos de inovação e de defesa do patrimônio histórico, ao
mesmo tempo – e isto não é um paradoxo ou um oximoro. São e estão vivas, donde
mutam, se reorganizam, mais do que isso se ressignificam. Elas servem
diretamente às atividades-fim das instituições, já que se ocupam de atender
docentes, estudantes e funcionários, gerindo, resguardando e mantendo as
coleções que, alfim e ao cabo, dão o suporte científico, cultural e educacional
em todas as áreas de investigação da universidade.
Mais do que isso, as bibliotecas servem à inclusão e ao
pertencimento, pois que acolhem estudantes cuja capacidade de aquisição de
materiais é precária. Servem à pesquisa, dado que disponibilizam conteúdos up
to date. Servem à graduação, já que abrem horizontes para o conhecimento.
Servem à pós-graduação porque não há como fazer um trabalho de grau sem seus
acervos. Servem à cultura, à extensão e à inclusão, uma vez que estão abertas à
sociedade como um todo.
A documentação, sobretudo, a de caráter científico, cultural e
técnico, deve ser permanentemente atualizada, através da aquisição frequente de
publicações periódicas ou através de suporte às publicações nascidas na própria
universidade, cuja circulação esteja amparada pelo livre acesso cuja base é a
ciência aberta. Nesse sentido, é obrigação da universidade o investimento em
coleções, sob pena de fragilizar a formação oferecida aos estudantes, sob pena
de acanhar a pesquisa, sob pena de apequenar as ações de inclusão e extensão.
Leia o artigo completo, clicando aqui: Jornal da USP
Por Paulo Martins, presidente da Agência de Bibliotecas e Coleções Digitais da USP e diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP
Fonte: https://jornal.usp.br/artigos/as-publicacoes-digitais-da-usp-e-a-democratizacao-do-conhecimento-21-milhoes-de-downloads-de-arquivos/
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