Em 25 de janeiro, exatamente no aniversário de fundação da cidade de São Paulo, foi publicado o decreto de criação da USP. Há 83 anos nascia a Universidade, reunindo em uma só instituição sete outras já existentes – entre elas, a Faculdade de Direito, a Faculdade de Medicina e a Escola Politécnica. A novidade era a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFLC) da USP, um ambiente que deveria reunir as mais diversas áreas do saber.
Detalhe de livro contendo o contrato de Claude Lévi-Strauss – Foto: Marcos Santos/USP Imagens |
Para lecionar na recém-fundada unidade, pesquisadores e intelectuais franceses, italianos, alemães e alguns poucos portugueses, espanhóis e estadunidenses vieram ao Brasil entre 1934 e 1944. A chegada destes estrangeiros possibilitou a criação de uma universidade com formações diversas, pouco exploradas até então no Brasil: a maior parte deles foi convocada para ministrar disciplinas de áreas como filosofia, biologia, química, física, matemática, história e sociologia.
No ano passado, três livros de registros das contratações destes intelectuais que formaram a primeira geração de professores e pesquisadores da USP foram localizados pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo (Apesp), tornando possível resgatar um pedaço importante desta história.
Para contar essa história e apresentar os registros, foi organizada, em setembro passado no Apesp, a conferência A história da Universidade de São Paulo e a contratação de seus primeiros docentes – contextualizando documentos, para apresentação dos livros de contratos pelo Arquivo.
Entre os nomes que chegaram à USP naqueles anos estavam Claude Lévi-Strauss, Gleb Wataghin, Felix Rawitscher, Heinrich Rheinboldt, entre outros intelectuais que contribuíram para o desenvolvimento das ciências em todo o mundo. “Na Faculdade de Filosofia, temos professores que já eram ou se tornaram famosos. Esses professores foram muito importantes para a construção da universidade e para o que a USP é hoje”, afirma Lilian Miranda, supervisora técnica de gestão documental do Arquivo Geral da USP.
As aulas eram dadas no idioma nativo de cada professor e a exigência nos cursos eram altas. “Usavam avental branco, com a ideia de que eles eram cientistas. Sabe-se que notas muito altas não eram comuns”, afirma a atual diretora da FFLCH, Maria Arminda do Nascimento Arruda. A Universidade comportava poucos alunos. Apenas jovens com a sorte de terem um estudo prévio de elite conseguiam entrar no Colégio Universitário, que em dois anos preparava os estudantes para a graduação na USP.
Hoje, segundo a diretora, o ensino é muito diferente. “Éramos poucos, hoje os alunos são muitos. E quando se amplia o número de estudantes você recebe estudantes com formações muito diferenciadas”. A ideia de formações gerais e da concentração de diversas ciências em uma só faculdade também não perdurou. “Esse processo de especialização é mundial. As universidades foram se especializando formando para o mercado”.
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