Estudo de doutorado feito pelo médico
veterinário Daniel Giberne Ferro, da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia (FMVZ) da USP, mostrou que existe uma grande necessidade de
renovação da forma como a ciência é transmitida aos alunos
universitários. A velocidade com que os meios de comunicação se
modificam e evoluem associada a uma mudança no perfil dos alunos
universitários é o ponto que guia o questionamento sobre a maneira como a
informação científica é disponibilizada atualmente.
Ficou claro, através da pesquisa, que os
meios tradicionais de acesso estão sendo substituídos por outras formas
supostamente não tão confiáveis, como a internet, por exemplo. Para
Daniel, “é preciso criar formas de tornar a comunicação não formal e a
eletrônica cientificamente confiáveis também”.
O estudo buscou entender se os estudantes
acessam informação científica e de que forma fazem isso, considerando
que nem todos os buscam conhecimento da forma tradicional. Essa análise
pode ser feita através da avaliação dos alunos de cursos de
pós-graduação lato sensu da Anclivepa-SP (Associação Nacional de
Clínicos Veterinários de Pequenos Animais do Estado de São Paulo), mas
não se restringe apenas a esse tipo de curso. “Este é um fenômeno que
não está vinculado somente aos cursos lato sensu, é uma necessidade já
observada por professores da graduação”, enfatiza o pesquisador.
A pós-graduação lato sensu envolve cursos de especialização, em que a
pesquisa aborda problemas específicos da área estudada. Nessa
atividade, os estudantes tentam resolver novos questionamento com
teorias já existentes, e não precisam comprovar uma nova tese.
Bibliotecas atraem menos os alunos
Foram observados diversos canais pelos quais os pós-graduandos entravam
em contato com o conhecimento acadêmico. Nos cursos específicos
estudados por Daniel, os alunos tinham aulas formais uma vez por mês e
listas de discussão na internet. Além disso, o material didático e os
artigos científicos usados eram armazenados em um website criado pelos
professores. E esses foram os principais canais utilizados, apesar da
existência dos meios tradicionais de busca.
Segundo os pós-graduandos, procurar as informações científicas
necessárias em bibliotecas (forma tradicional) foi consideravelmente
difícil. Além disso, eles demonstraram grande confiança nos emails e nas
listas de discussão que, apesar de serem meios de comunicação
informais, contavam com o apoio dos docentes e especialistas. “O filtro
dos formadores de opinião, professores e colegas de renome são
claramente fontes importantes, mas nós sabemos que ainda há que se
aperfeiçoar este controle”, explica Daniel.
Apesar de a maioria dos alunos sentir uma grande facilidade com os
meios eletrônicos, as pessoas com mais de 40 anos apresentaram uma certa
relutância para acessar os arquivos via internet, sugerindo que não
tenham acompanhado tão a fundo o processo de democratização da internet.
“Outra possibilidade a se pensar, porém não comprovada no estudo, é de
que esta diferença não esteja somente pautada na dificuldade de acesso,
mas também na relutância de uma geração criada com livros e com
velocidade de informação mais lenta em confiar na qualidade do
material”, diz.
Por Carolina Shimoda
Fonte: Agência Universitária de Notícias
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